Rómulo Vasco da Gama Carvalho (1906-1997) nasceu em Lisboa em 24 de Novembro de 1906, dia em que desde 1996, se comemora o Dia Nacional da Cultura Científica em sua homenagem. Foi um homem multifacetado, historiador e divulgador da ciência, pedagogo e professor de Física e Química, profissão que exerceu durante 40 anos com invulgar mestria e genuína vocação. Exigente, comunicador por excelência, para Rómulo de Carvalho ensinar era uma paixão. Tal como afirmava sem hesitar, ser professor tem de ser uma paixão - pode ser uma paixão fria mas tem de ser uma paixão. E assim, além da colaboração como co-diretor da "Gazeta de Física" a partir de 1946, concentra durante muitos anos os seus esforços no ensino, dedicando-se à elaboração de compêndios escolares, inovadores pelo grafismo e forma de abordar matérias tão complexas como a Física e a Química. Dedicação estendida, a partir de 1952, à difusão científica a um nível mais amplo através da colecção “Ciência Para Gente Nova” e muitos outros títulos, entre os quais “Física para o Povo”, cujas edições acompanham os leigos interessados pela ciência. A divulgação científica surge como puro prazer - agrada-lhe comunicar, por escrito e com um carácter mais amplo, aquilo que enquanto professor comunicava pela palavra. A dedicação à ciência e à sua divulgação e história não fica por aqui, sendo uma constante durante toda a sua vida.
É conhecido nas Letras através do pseudónimo António Gedeão, publicando o seu primeiro livro de poemas, “Movimento Perpétuo”, em 1956. Escolheu António para pseudónimo literário, o mesmo nome de um tio por quem tinha tal afeição que chegou a afirmar que uma pessoa assim nunca deveria morrer. Juntou-lhe o nome (Gedeão) de um aluno a que achou graça, e na sua poesia misturou a beleza e a simplicidade das palavras com a ciência das coisas simples, que sempre prezou. A poesia de Gedeão é realmente comunicativa e marca toda uma geração que, reprimida por um regime ditatorial e atormentada por uma guerra, cujo fim não se adivinhava, se sentia profundamente tocada pelos valores expressos pelo poeta e assim se atrevia a acreditar que, através do sonho, era possível encontrar o caminho para a liberdade. É deste modo que "Pedra Filosofal", interpretada por Manuel Freire, se torna num hino à liberdade e ao sonho.
(...)"Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que o homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança".
(Pedra Filosofal, in Movimento Perpétuo, 1956)
Nos seus poemas dá-se uma simbiose perfeita entre a ciência e a poesia, a vida e o sonho, a lucidez e a esperança. Aí reside a sua originalidade, difícil de catalogar, originada por uma vida em que sempre coexistiram dois interesses totalmente distintos, mas que para Rómulo de Carvalho e para o seu "amigo" Gedeão, provinham da mesma fonte e completavam-se mutuamente.
Na Biblioteca da Escola podes encontrar algumas obras de Rómulo de Carvalho ou de António Gedeão, que já deliciaram e entusiasmaram muitos jovens a seguirem-lhe as pisadas, quer na área das Ciências quer na área das Letras!
(Artigo elaborado pela professora Carla Pinto)